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Coronavírus e seus impactos imediatos no setor de transporte

O Brasil vive uma situação totalmente inédita com a pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, que causa a doença respiratória Covid-19. Nunca houve no país uma desaceleração econômica tão grande e abrupta como esta que estamos vivendo.

Como o contágio do coronavírus é muito fácil e a taxa de letalidade é alta em grupos de risco, a quarentena é a melhor maneira de evitar a proliferação da doença e o caos no sistema de saúde.

Economia desacelerando com o coronavírus

Com o isolamento necessário da população, as atividades industriais e comerciais estão sofrendo uma queda sem precedentes. Os consumidores só estão saindo de casa para fazer compras de artigos de primeira necessidade em supermercados e farmácias. Shoppings e centros comerciais estão fechados. O setor de serviços também sente os efeitos do coronavírus.

Diversas fábricas, especialmente de bens de consumo duráveis, estão com a produção reduzida ou paralisada por não haver matéria prima (importada principalmente da China). Isso ocorre tanto para não ter contaminação entre os colaboradores, mas também porque a demanda pelos produtos é quase nula nas lojas.

Produtos de limpeza, higiene e alimentos estão em alta

O presidente da General Motors na América do Sul, Carlos Zarlenga, disse ao site Valor Investe que as vendas caíram de 40% a 50% em todos os Estados brasileiros desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil. “Fábricas estão parando, assim como pagamentos a fornecedores”, completou o executivo. Além da GM, BMW, Fiat-Chrysler, Honda, Renault e Toyota paralisaram a produção por no mínimo 15 dias.

Por outro lado, fábricas de bens de consumo não duráveis, especialmente as de produtos de limpeza, medicamentos e alimentos estão trabalhando a todo vapor. Eles precisam dar conta da alta demanda de grandes atacadistas e supermercados. Com isso, toda a cadeia envolvida na produção dos itens acima se mantém aquecida. 

E o setor de transportes como fica com o coronavírus ?

Mas e como fica o setor de transportes? O setor de transportes segue o mesmo panorama da indústria. As entregas de veículos, calçados e têxteis, eletro-eletrônicos e matérias primas usadas na produção destes manufaturados já começam a sentir os efeitos da pandemia e têm queda na demanda. Além de supérfluos, eles têm custo mais elevado, o que faz com que o consumidor pense bem antes de comprá-los em um momento de incertezas econômicas.

O que está em alta

No geral, alguns centros de distribuição e logística de fábricas estão com tudo. São os que trabalham com:

  • Sabão em pó;
  • Desinfetantes e detergentes;
  • Álcool gel;
  • Água sanitária;
  • Produtos de higiene pessoal;
  • Medicamentos;
  • Produtos farmacêuticos e hospitalares.
  • Alimentos.

Empresas que trabalham com a produção desses itens estão trabalhando até acima da capacidade para conseguir atender a alta na procura. O setor de entregas rápidas também opera em ritmo acelerado, impulsionado pela grande demanda das compras pela internet e aplicativos.

Em suma, a demanda por produtos básicos como leite, açúcar e massas também disparou e já causa desabastecimento em alguns pontos de venda. A Apas (Associação Paulista de Supermercados) divulgou um aumento de 34,4% no movimento dos supermercados na primeira semana de quarentena pelo coronavírus.

Comércio eletrônico em alta

Segundo o relatório da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) aponta que o comércio eletrônico de produtos da categoria saúde (medicamentos e itens de farmácia) teve alta de 111% entre 24 de fevereiro e 18 de março em relação ao mesmo período de 2019. O setor de beleza e perfumaria (que inclui itens de higiene pessoal) teve elevação de 83%. Já as compras online em supermercados (alimentos, bebidas, higiene e limpeza) subiram 80%.

Empresas cuidam da higiene

Nas centrais de logísticas e armazéns espalhados pelo Brasil, os cuidados com higiene foram redobrados. Todos os motoristas que chegam aos centros de distribuição da Unilever espalhados pelo Brasil têm sua temperatura medida. Em caso de febre, são proibidos de entrar e orientados a procurar ajuda médica. Além disso, a empresa exige que seja feita a limpeza do interior dos caminhões e suspendeu o funcionamento das salas de descanso para os motoristas nas unidades.

Em suma, algumas transportadoras estão distribuindo boletins informativos e kits com luvas, máscara e álcool gel para seus motoristas. É o caso da SVD Transportes, do Paraná. “Resolvemos tratar do assunto para informar e ajudar os motoristas a tomarem medidas de prevenção”, afirma Roberto Trindade, diretor financeiro da SVD em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. “Sugerimos que eles lavem as mãos com mais frequência, e sempre que possível, evitem locais fechados, além de ficarem atentos quando alguém próximo apresentar sinais de doença.”

Projeção do PIB despenca com coronavírus

A princípio, ainda não se sabe até quando vai a pandemia de coronavírus. Podem ser semanas ou meses. De qualquer maneira, o estrago já está feito no Brasil e no mundo e a recessão é quase certa. Afinal, na primeira semana de pandemia, a Bolsa de Valores de São Paulo acumulou uma queda de 18,8%, a maior desde 2008, quando explodiu a crise econômica mundial. Logo depois, já a cotação do dólar comercial ultrapassou a barreira dos R$ 5,00.

Juntamente, com o furacão causado pelo coronavírus, o Ministério da Economia brasileiro reduziu a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020 de 2,1% para 0,02%. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicado pelo UOL é ainda mais alarmista e prevê uma queda de 4,4% no PIB e recuperação, no melhor cenário, apenas no final de 2021. Em suma, no pior cenário, a FVG aponta a volta do crescimento apenas em 2023.