Image
Impactos da operação Carne Fraca no transporte de cargas do Brasil

Impactos da operação Carne Fraca no transporte de cargas do Brasil

No último dia 17 de março foi deflagrada pela Polícia Federal, a operação Carne Fraca que abalou o mercado de proteína animal no Brasil. Foram descobertos diversos esquemas de adulteração de carne animal destinadas ao consumidor praticados principalmente pela holding BRF e pela empresa JBS no Brasil. Mas você se pergunta… tá e daí? O que isso tem a ver com o nosso mercado de transportes no Brasil?

Eu te respondo… TUDO!

Somos líderes mundiais na produção de proteína animal! Apenas 20% da nossa produção é destinada para o mercado interno, todo o restante é enviado para outros países. E para movimentar essa carne toda pra cima e pra baixo precisamos de bons transportadores e motoristas e aí que mora o perigo. Com a desconfiança da população e com as barreiras alfandegárias se fechando para as exportações brasileiras, a tendência é o consumo cair e por consequência a produção também!

Dessa forma, a ideia desse post é esmiuçar as possíveis consequências dessa operação para você que trabalha com transporte de cargas, ou com logística de um modo geral, entenda como isso poderá impactar o seu trabalho nos próximos meses.

Vamos por partes… Trouxe alguns dados para você entender um pouco melhor da magnitude dessa indústria para o Brasil.

>>> Baixe nosso ebook gratuito sobre como calcular o preço do frete de suas cargas <<<

A fatia gorda da pecuária na economia brasileira

  • 7,3% do PIB brasileiro – Essa é a relevância econômica do setor de produção de proteína animal
  • 7,5% foi a fatia das carnes bovina, suína e de aves no total das exportações brasileiras em 2016
  • 7,1 milhões de pessoas trabalham, diretamente, na produção de carne bovina, suína e de aves
  • A produção de carne bovina gera 3 milhões de empregos diretos, sendo 17% da carne produzida destinada ao consumo interno os outros 83% são destinados para exportação, principalmente para a União Européia, China, Arábia Saudita e Rússia
  • A produção de carne de frango gera 3,5 milhões de empregos diretos, sendo 33% da proteína produzida destinada ao consumo interno, os outros 67% são para exportação
  • Segundo estimativas, o Brasil é o maior exportador de carne boi e de frango do mundo

Alguns países estão começando a retomar, parcialmente, a compra dos produtos brasileiros. É o caso da China e de Hong Kong. Não se sabe ainda quanto tempo será necessário para recuperar o volume de exportação anterior a essa operação ou por quanto tempo essas barreiras serão mantidas, mas uma questão é certa: irá demorar um certo tempo para o Brasil se consolidar novamente no mercado mundial.

Os problemas

Quando as barreiras alfandegárias são fechadas para as importações de um país, mesmo que elas se abram novamente, pode demorar meses ou anos para o volume de exportações daquele país se normalizar e atingir patamares anteriores. Por isso, é muito provável que esse setor da economia desacelere esse ano em comparação com o ano passado.

Os impactos dessa desaceleração para o nosso país são consideráveis. Não se sabe ainda qual a dimensão desse problema, mas teremos reflexos em diversos setores da economia.

Começando pelas próprias empresas envolvidas nos escândalos… A BRF já perdeu R$ 2,31 bilhões em valor de mercado, a JBS mais de R$ 3,4 bilhões. As ações dessas empresas já caíram mais de 7% só nas últimas semanas. Essas quedas são reflexos da projeção de queda da produção e das vendas. E quando essas grandes corporações caem, todo o mercado de proteínas animais fica ameaçado, já que as duas empresas são líderes de mercado no Brasil e no mundo. A BRF, por exemplo, detém cerca de 14% do mercado mundial de aves. Já a JBS é considerada o maior frigorífico do mundo com exportações para mais de 150 países.

A produção ameaçada

Com as exportações e o consumo interno ameaçados, a produção de proteína animal está caindo. Na semana passada, de acordo com a revista ZH do grupo RBS, a JBS suspendeu por três dias a produção em 33 das 36 unidades de carne bovina instaladas no Brasil. Agora a companhia irá operar em todas as suas unidades com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva.

Com as exportações e o consumo interno ameaçados, não só a produção está sofrendo como também já estão ocorrendo demissões. Segundo a revista Veja a PECCIN, uma das empresas investigadas na operação Carne Fraca, só no mês de março, já demitiu mais de 450 funcionários.

Esses cortes irão prejudicar ainda mais o PIB de alguns estados brasileiros que dependem desse setor da economia. Alguns exemplos são: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

Os reflexos em todos os setores

O principal problema é que podem ocorrer reflexos não imaginados em outros segmentos da economia. Um exemplo é o de produção de couro, que depende do setor da proteína animal para fornecer as matérias primas para a produção. Com a queda nos abates bovinos esse segmento pode ser prejudicado, fazendo os custos de produção aumentarem e, de duas uma, ou o preço na ponta do consumidor será aumentado ou a margem de lucro das empresas do segmento será reduzida.

Outro setor da economia que pode sofrer impacto é o de produção de grãos. Conforme a demanda por carne brasileira cai, a produção de proteína animal também tende a ser reduzida. Dessa forma, se o preço não for reduzido a demanda por grãos e insumos para a indústria agropecuária também sofrerá impacto negativo na produção. O que por sua vez impactará toda a cadeia produtiva e de distribuição dessa e de outras indústrias relacionadas.

Diante desse cenário a tendência é o preço dos grãos serem reduzidos para tentar compensar a redução na demanda. De acordo com o CEO do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Ronaldo Labrudi Pereira, que também é conselheiro do Agrobanco – empresa que atua no setor de grãos -, os preços das carnes e dos grãos, principais componentes da ração animal, possivelmente necessitarão de maior tempo para se valorizar novamente.

Os impactos para o setor de transportes

O setor de transportes está começando a sentir a intensidade os efeitos da Operação Carne Fraca. A informação é do sindicato das Empresas Transportadoras de Cargas do Oeste e Meio Oeste Catarinense, Setcom. A razão é que, conforme mostramos acima, muitas agroindústrias estão sendo afetadas pelos reflexos dessa operação da Polícia Federal.

Em entrevista à Rádio Aliança o presidente da Setcom (Sindicato das empresas de transporte do oeste e meio oeste catarinense), Ederson Vendrame, prevendo uma queda na produção das indústrias, acredita que também existirá um reflexo na produtividade dos caminhões que fazem o transporte desses produtos. Segundo ele: “Isso também pode refletir no período mínimo de pagamento das empresas, que é de 30 dias”. Ederson afirma que a cadeia agroindustrial representa mais de 90% dos embarques da região. “Não somente transporte frigorificado. O transporte de embalagens e outros insumos para a agroindústria também será afetado, como é o caso das rações e grãos”, finaliza.

Se o impacto para Santa Catarina será grande no curto prazo, fica evidente que os impactos para outros estados que dependem dessa indústria, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, que citamos anteriormente, também tenderão a ser graves.

A resolução

Contudo, existe uma expectativa de que esses impactos passem e isso pode acontecer, se não no curto prazo, talvez no médio prazo. Alguns países, como Chile e China, já liberaram as barreiras alfandegárias para outros produtores de proteína animal brasileiros que não estão sendo investigados pela operação Carne Fraca. Mas vale lembrar que as exportações brasileiras desse setor da economia são muito dependentes das empresas que estão sendo investigadas. Portanto, esse desbloqueio parcial às exportações brasileiras não significa uma melhoria total frente ao cenário que estamos vendo no país.

Para transportadoras brasileiras se adaptarem a esse cenário vale a dica: busque diversificar cada vez mais suas operações. Assim, não dependerá apenas de um tipo de empresa, setor econômico ou estado.

>>> Baixe nosso ebook gratuito sobre como calcular o preço do frete de suas cargas <<<

O mesmo é válido para os motoristas de caminhão no Brasil. Se a situação em seu estado para autônomos não estiver tão legal, não deixe de olhar no Truckpad.com.br/fretes cargas partindo de outros estados ou lugares próximos!

>>> Conheça o novo portal de cargas e fretes do TruckPad <<<